Quais os desafios que se colocam à Biblioteca Escolar no contexto da web
2.0?
Que passos poderiam dar as nossas
bibliotecas escolares (tendo em conta a realidade da escola) para se
aproximarem de um modelo de Biblioteca 2.0?
Para cumprir
esta tarefa, depois das leituras propostas, passei parte desta semana a aceder
a muita informação e recursos sobre a Web e à natureza mutável do ensino.
Confirmei,
sobretudo, que compreender, valorizar, seguir tudo o que acontece no mundo
online exige mais energia e atenção do que qualquer um de nós pode alguma vez
ter.
Senti que
me estava a afogar num oceano infindável de informação e de recursos incríveis
e indiscriminados ao serviço da educação, ainda que sempre tenha reconhecido a
importância de um novo paradigma de ensino-aprendizagem e tenha muito interesse
pela exploração das possibilidades pedagógicas das novas tecnologias da
informação e da comunicação. A reinvenção e o reconhecimento que a aprendizagem
e o conhecimento em Rede obrigam à mudança de papéis dos educadores é um facto.
O Manual de Ferramentas da web 2.0 para
professores (Carvalho, 2008) aponta para a
necessidade prática da Educação/Ensino 2.0 se tornar uma realidade, e no caso particular
da biblioteca da escola, essencial para a sobrevivência e afirmação junto da sua
comunidade educativa.
Apesar
das teorias utilizadas tradicionalmente na criação de ambientes de aprendizagem
continuarem a responder às práticas da educação, atualmente, os desafios
introduzidos pelas tecnologias obrigam a alterações, tanto na vida como nos
hábitos e aprendizagens de cada um de nós.
De,
facto, o que ressalta desta questão proposta pelas formadoras é que o conceito
de Biblioteca e de professor bibliotecário está sujeito a profundas alterações
e não apenas respeitantes ao uso ou à habilidade demonstrada no uso das
tecnologias. Refere-se essencialmente à nova atitude, ao novo estímulo essencial
para a formação de comunidades de leitores da biblioteca, para troca de
informação e desenvolvimento de novos serviços de informação.
Os
princípios da Biblioteca 2.0 atuam com base no fundamento que a biblioteca é um
serviço comunitário que reconhece que as comunidades se transformam e que,
ainda que se modifique em função disso, o objetivo fundamental é permitir aos
utilizadores a interatividade provocadora de modificações na sua própria aprendizagem
e nesse espaço que é a biblioteca.
Confirmam-se,
neste sentido, algumas tendências importantes da aprendizagem como: 1) um
processo informal; 2) um processo contínuo (ao longo da vida); 3) um processo
suportado por tecnologia que deve reflectir, nos contextos de aprendizagem, o
ambiente social.
Pelo modo
como o conhecimento evolui - e pela rapidez com que se desatualiza - surgem
algumas questões que devem ser exploradas em
relação às teorias da aprendizagem e do impacto da tecnologia e das novas
ciências (caos e redes) na aprendizagem.
Baseado na aquisição de ‘skills’ (capacidades ou habilidades) a
Biblioteca 2.0 combina princípios que mostram que a organização do conhecimento
assenta na diversidade - de opiniões, instrumentos, áreas e conexões entre os
mesmos – e na tomada de decisão – distinguir o que é importante para si daquilo
que não é num determinado momento e reconhecer que por vezes ‘o que parece ser
não é’. O indivíduo é o ponto de partida e surge como referência de alimentação
da rede através das conexões estabelecidas.
Utilizar e saber utilizar o fluxo infinito da informação
disponível e alimentar esse fluxo para o futuro parecem ser os fundamentos da
Biblioteca 2.0 que ‘fornece insights sobre a aprendizagem de competências e
tarefas necessárias para que os alunos florescerem na era digital’ (Siemens,
2008).
Daí a
importância de, entre outros passos a dar pela Biblioteca, aceder e
disponibilizar repositórios de recursos digitais, recursos que funcionem como
verdadeiras ferramentas que podem ser exploradas para analisar, seleccionar e
transmitir o que é mais relevante e que merece a nossa atenção.
As potencialidades e oportunidades da Biblioteca 2.0, as
ferramentas sociais e colaborativas da web 2.0, são imensas na criação de novos espaços de
leitura, de escrita e formação, mas depende de uma formação, organização e
gestão de condições de recursos humanos que a biblioteca nem sempre têm.
As potencialidades do dinanismo interativo da web 2.0 /
Biblioteca 2.0, e a necessária exigência de empenho e disponibilidade esbarram
em aspectos de funcionamento das escolas e que se traduzem no respeito do
principio de a biblioteca ser um espaço aberto a tempo inteiro ao serviço dos
utilizadores e das fracas condições que as escolas têm que, por exemplo, não
permitem a formação permanente de uma equipa da biblioteca escolar. Ainda que
se procure a todo o custo cumprir as formalidades e as orientações RBE, as
condições reais da escola não permitem a consolidação de estratégias de
trabalho e de funcionamento como as propostas para a biblioteca 2.0 onde surge
como alternativa ao processo da aprendizagem e abre um espaço cultural sem
fronteiras de espaço e tempo.