domingo, 17 de novembro de 2013

BE no contexto da web 2.0

Quais os desafios que se colocam à Biblioteca Escolar no contexto da web 2.0?
Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas escolares (tendo em conta a realidade da escola) para se aproximarem de um modelo de Biblioteca 2.0?
Para cumprir esta tarefa, depois das leituras propostas, passei parte desta semana a aceder a muita informação e recursos sobre a Web e à natureza mutável do ensino.

Confirmei, sobretudo, que compreender, valorizar, seguir tudo o que acontece no mundo online exige mais energia e atenção do que qualquer um de nós pode alguma vez ter.

Senti que me estava a afogar num oceano infindável de informação e de recursos incríveis e indiscriminados ao serviço da educação, ainda que sempre tenha reconhecido a importância de um novo paradigma de ensino-aprendizagem e tenha muito interesse pela exploração das possibilidades pedagógicas das novas tecnologias da informação e da comunicação. A reinvenção e o reconhecimento que a aprendizagem e o conhecimento em Rede obrigam à mudança de papéis dos educadores é um facto.

O Manual de Ferramentas da web 2.0 para professores (Carvalho, 2008) aponta para a necessidade prática da Educação/Ensino 2.0 se tornar uma realidade, e no caso particular da biblioteca da escola, essencial para a sobrevivência e afirmação junto da sua comunidade educativa.

Apesar das teorias utilizadas tradicionalmente na criação de ambientes de aprendizagem continuarem a responder às práticas da educação, atualmente, os desafios introduzidos pelas tecnologias obrigam a alterações, tanto na vida como nos hábitos e aprendizagens de cada um de nós.

De, facto, o que ressalta desta questão proposta pelas formadoras é que o conceito de Biblioteca e de professor bibliotecário está sujeito a profundas alterações e não apenas respeitantes ao uso ou à habilidade demonstrada no uso das tecnologias. Refere-se essencialmente à nova atitude, ao novo estímulo essencial para a formação de comunidades de leitores da biblioteca, para troca de informação e desenvolvimento de novos serviços de informação.

Os princípios da Biblioteca 2.0 atuam com base no fundamento que a biblioteca é um serviço comunitário que reconhece que as comunidades se transformam e que, ainda que se modifique em função disso, o objetivo fundamental é permitir aos utilizadores a interatividade provocadora de modificações na sua própria aprendizagem e nesse espaço que é a biblioteca.

Confirmam-se, neste sentido, algumas tendências importantes da aprendizagem como: 1) um processo informal; 2) um processo contínuo (ao longo da vida); 3) um processo suportado por tecnologia que deve reflectir, nos contextos de aprendizagem, o ambiente social.

Pelo modo como o conhecimento evolui - e pela rapidez com que se desatualiza - surgem algumas questões que devem ser exploradas em relação às teorias da aprendizagem e do impacto da tecnologia e das novas ciências (caos e redes) na aprendizagem.

Baseado na aquisição de ‘skills’ (capacidades ou habilidades) a Biblioteca 2.0 combina princípios que mostram que a organização do conhecimento assenta na diversidade - de opiniões, instrumentos, áreas e conexões entre os mesmos – e na tomada de decisão – distinguir o que é importante para si daquilo que não é num determinado momento e reconhecer que por vezes ‘o que parece ser não é’. O indivíduo é o ponto de partida e surge como referência de alimentação da rede através das conexões estabelecidas.

Utilizar e saber utilizar o fluxo infinito da informação disponível e alimentar esse fluxo para o futuro parecem ser os fundamentos da Biblioteca 2.0 que ‘fornece insights sobre a aprendizagem de competências e tarefas necessárias para que os alunos florescerem na era digital’ (Siemens, 2008).

Daí a importância de, entre outros passos a dar pela Biblioteca, aceder e disponibilizar repositórios de recursos digitais, recursos que funcionem como verdadeiras ferramentas que podem ser exploradas para analisar, seleccionar e transmitir o que é mais relevante e que merece a nossa atenção.

As potencialidades e oportunidades da Biblioteca 2.0, as ferramentas sociais e colaborativas da web 2.0,  são imensas na criação de novos espaços de leitura, de escrita e formação, mas depende de uma formação, organização e gestão de condições de recursos humanos que a biblioteca nem sempre têm.

As potencialidades do dinanismo interativo da web 2.0 / Biblioteca 2.0, e a necessária exigência de empenho e disponibilidade esbarram em aspectos de funcionamento das escolas e que se traduzem no respeito do principio de a biblioteca ser um espaço aberto a tempo inteiro ao serviço dos utilizadores e das fracas condições que as escolas têm que, por exemplo, não permitem a formação permanente de uma equipa da biblioteca escolar. Ainda que se procure a todo o custo cumprir as formalidades e as orientações RBE, as condições reais da escola não permitem a consolidação de estratégias de trabalho e de funcionamento como as propostas para a biblioteca 2.0 onde surge como alternativa ao processo da aprendizagem e abre um espaço cultural sem fronteiras de espaço e tempo.

Carvalho, A.A.A. (2008). Manual de Ferramentas da web 2.0 para professores. Direcção-Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular. Portugal

Siemens, G. (2008). Learning and knowing in networks: Changing roles for educators and designers. [Online]. Retirado de endereço eletrónico: http://www.ingedewaard.net/papers/connectivism/2008_siemens_Learning_Knowing_in_Networks_changingRolesForEducatorsAndDesigners.pdf

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